Lisboa - Fonte Fotografia: noctula chanel |
Abandonado e em processo de destruição total
A 197 m de altitude aproximada, tem uma vista panorâmica sobre Lisboa de 360º
Construído pela Câmara Municipal de
Lisboa, em 1968, segundo projeto do arquiteto Chaves da Costa é um edifício de
sete mil metros quadrados e, contava no seu interior com um mural de Luis
Dourdil e com um painel de Azulejos com relevo da autoria de Manuela Madureira
intitulado " Figuras e cenas da cidade de Lisboa", foi um dos mais
luxuosos restaurantes da capital na sua época.
Atualmente o seu estado de degradação
e abandono é evidente nos vídeos apresentados nesta publicação.
Depois do encerramento como
restaurante, foi um pouco de tudo: discoteca, bingo, escritório de uma empresa
de filmagens e até armazém de materiais de construção civil.
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3.4 | Restaurante Panorâmico de Monsanto | panorâmica | abrangência | infraestrutura | acesso | ||||
◆◆◆◆ | ◆◆◆◆ | ver legenda | val aprox. em m | ||||||
altitude (aprox.) | |||||||||
197 | |||||||||
colina | Monsanto | ||||||||
freguesia | Monsanto | ||||||||
inauguração | 1968 | ||||||||
autor | Chaves da Costa | ||||||||
utilização | Encerrado | ||||||||
O projeto inicial do restaurante foi o último projeto que o Arq. Keil do Amaral realizou no final dos anos 30, no contexto do projeto do Parque
Florestal de Monsanto e, que se situaria no local onde teria sido projetado o Teatro
ao Ar livre e o Padrão-Miradouro (do mesmo autor). Keil do Amaral desenvolve o projeto
do restaurante em plataformas baixas que se encaixem no declive e desenvolve sobre
o terraço uma esplanada com vista sobre Lisboa, Vale de Alcântara e Margem Sul.
Este projeto não chegou a ser efetivado pois não estaria ao gosto do Presidente, à época, acabando este por contratar o arquiteto Chaves da Costa que viria a
realizar este restaurante circular.
O projeto do Parque Florestal de Monsanto teve uma dimensão e
desenvolvimento processual inédito em Portugal e, foi o Eng. Duarte Pacheco o
seu grande promotor, quer promulgando a Lei para a sua criação enquanto Ministro
das Obras Públicas em 1934, quer promovendo a sua concretização a partir de
1938, como Presidente da CML. Para além da reflorestação do Parque este projeto estava
integrado no âmbito de desenvolvimento da saída ocidental da cidade de acordo
com o novo Plano Diretor (Plano de Gröer), do Plano da Costa do Sol que se
planeava fazer, integrando a autoestrada para o Estádio Nacional e a Marginal
da Costa do Sol e, para o realizarem o Eng. Duarte Pacheco chamou o Eng. Joaquim Rodrigo e Arq. Keil do Amaral.
O plano tinha como critério geral a ideia de bosque natural e
selvagem. “Tratava-se de proporcionar o regresso à terra, a uma vivência
ameaçada pela cidade, uma metrópole que se receava implacavelmente fria e
moderna.” Estavam excluídos os conceitos de parque à francesa ou inglesa ou
outra resolução tradicional conhecida. E, para isso Keil do Amaral, fez uma
visita de estudo aos parques e jardins da Europa e, visitou França, Inglaterra,
Alemanha e Holanda analisando cuidadosamente os seus parques, dos quais retirou
ideias úteis para a elaboração de Monsanto que anotava no seu “Relatório de uma
viagem de estudo”. A floresta de Fontainebleau, o bosque de Vérrièrres nos
arredores de Paris e o Bosque de Amesterdão foram os bosques que Keil achou que
melhor se adaptavam a Monsanto. A fase de projetos que se segue corresponde a
equipamentos já influenciados e desenhados segundo o modelo dos parques europeus
já com uma linguagem mais moderna.
A primeira fase de
obras, pertence à 1ª e 2ª zonas dos seis sectores operacionais em que a serra
foi dividida, concluíram-se obras como os vários miradouros, entre elas o
Miradouro de Montes Claros e a Casa de Chá nos inícios dos anos 40.
É desenvolvido na 3ª
zona, os equipamentos desportivos: Clube de Ténis de Lisboa, Centro de
Desportos, Teatro ao ar livre e Parque infantil do Alvito. Estes equipamentos
são novidade em Portugal, sendo este último o primeiro parque exclusivo para
crianças. Destes equipamentos apenas se concretizaram o Clube de Ténis e o
Parque do Alvito.
Mural de Luis Dourdil - de recuperável a inrecuperável
|
A Exposição "Cem Anos de Dourdil: a Pintura Antes de Tudo", foi a homenagem que a Câmara Municipal de Lisboa quis prestar ao pintor e, esteve patente de 9 de julho a 21 de Agosto de 2015 na Galeria Paços do Concelho de Lisboa.
Esta
mostra foi inaugurada no ano em que se comemoraram os cem anos do
seu nascimento e constava de duas dezenas de pinturas e outros tantos desenhos, para além de materiais e documentos ligados à atividade do artista.
No ato inaugural, Maria Teresa Bispo, comissária da exposição, referiu a
importância da obra de Luís Dourdil e da sua relação com a cidade -
nomeadamente, através do mural no Café Império, restaurado no ano anterior (este mural foi ignorado).
Painel de Azulejos com relevo" Figuras e cenas da cidade de Lisboa" de Manuela Madureira - Resistiram enquanto tudo em redor foi "levado"
|
Em 2001 o espaço fechou definitivamente e o seu
futuro continua incerto.
Periodicamente surgem propostas para a sua reabilitação, umas mais estruturadas que outras, umas mais descabidas que outras mas, a realidade é que, enquanto se tem adiado a resolução o espaço teoricamente, está vedado, por razões de segurança, teoricamente, é policiado 24 horas por dia.
A pilhagem já o esvaziou do que era possível levar, o vandalismo já destruiu o que era possível destruir, restando apenas um baixo-relevo na frontaria e os painéis da Manuela Madureira.
Periodicamente surgem propostas para a sua reabilitação, umas mais estruturadas que outras, umas mais descabidas que outras mas, a realidade é que, enquanto se tem adiado a resolução o espaço teoricamente, está vedado, por razões de segurança, teoricamente, é policiado 24 horas por dia.
A pilhagem já o esvaziou do que era possível levar, o vandalismo já destruiu o que era possível destruir, restando apenas um baixo-relevo na frontaria e os painéis da Manuela Madureira.
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Atestam a genuína indignação que os lisboetas sentem por esta situação!
A zona do Parque de Monsanto, ao longo dos séculos desempenhou várias funções face às necessidades de Lisboa.
A sua ocupação remonta ao Paleolítico e, relativamente à cidade de Lisboa já foi: o seu celeiro como os seus inúmeros moinhos ainda o atestam (17 dos cerca de 70 anteriormente existentes); o seu abastecedor de lenha e madeira; o lugar escolhido para quintas de lazer dos seus habitantes e, agora, é o seu "pulmão verde" e o seu agente regulador climático e ambiental.
Como referi anteriormente o surgimento do projeto do restaurante está intimamente ligado ao projeto global do Parque Florestal de Monsanto.
O Eng. Duarte Pacheco e o Arq. Keil do Amaral, em 1938, não se limitaram a seguir os projetos elaborados para o "Bosque de Lisboa" pelos irmãos MacBride (1926) e pelo urbanista francês Forrestier (1927), foram mais além e, o seu programa foi estudado ao pormenor por técnicos de diversos ramos: botânicos, técnicos florestais, silvicultores e sociólogos.
O Restaurante de Monsanto poderá ser um elefante branco que a CML tem na sala mas, os lisboetas já mostraram por várias vezes que não querem abdicar da sua reabilitação e querem que esta seja ao serviço da Cidade e dos seus habitantes!
A sua localização nobre, quer no Parque, quer face a Lisboa, é um ponto de partida invejável para qualquer projeto, de qualquer natureza!
O Castelo de S. Jorge também já foi, literalmente, ocupado por quartéis e teve que ser, quase totalmente, reconstruído. Hoje, é dos símbolos mais marcantes de Lisboa, porque foi devolvido à cidade e, por mérito próprio, por ser o monumento que tem o conjunto mais amplo de vestígios das várias fases da ocupação de Lisboa, desde as mais remotas.
Que cidade tem um miradouro como este? Longe do buliço, cercado de verde e de silêncio e com uma vista que abarca toda a cidade e... mais além!
Autor: Nuno Castro
Publicado a 11 de Janeiro de 2015
6.373 visualizações
Autor: Manuel Calavera
Publicado a 4 de Junho de 2014
3.505 visualizações
Autor: Manuel Baptista
Publicado a 2 de Março de 2014
2.374 visualizações
Autor: Gonçalo Gouveia
Publicado a 16 de Maio de 2014
1.178 visualizações
Autor: SIC - Tesouros da TV Portuguesa
Publicado a 23 de Maio de 2016
328 visualizações
Autor: 28Rider R
Publicado a 3 de Outubro de 2016
130 visualizações
Mas o derradeiro roubo aos lisboetas desta "joia", como é apelidado, já foi anunciado!
No penúltimo vídeo é
anunciado o atual projeto e propósito que a CML destina a esta
"joia": com um custo previsto de 7 milhões de euros, este magnífico projeto quer
transformar este espaço numa "secretaria", de acesso restrito aos
seus funcionários. Independentemente do papel meritório que esta
"secretaria" possa ter para a comunidade é uma óbvia perda para a
Cidade, para os lisboetas e potencialmente para o turismo que, é hoje a bandeira
e um dos maiores sustentos de Lisboa.
A pergunta é: a zona
de Lisboa mais resiliente é exatamente naquelas coordenadas? Outros edifícios
abandonados em Monsanto não servem, porquê?
O estado tem sido
"especialista" em roubar "joias" aos cidadãos - já o fez no
passado, entre outros, com o Castelo de S. Jorge, conforme já referi e, continua a fazê-lo com
palácios e conventos que pertencem ao Património Imobiliário Classificado Nacional (dois dos exemplos em Lisboa: Palácio da Mitra - MIP; Palácio de
Beau-Séjour - MIP).
Continuo a não
entender porque é que os funcionários do estado têm que fazer o seu trabalho de
"secretaria" em Monumentos Nacionais ou de Interesse Público (embora
não seja este o caso, pelo menos, em termos formais). Não é uma
contradição?
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